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Marchioro descarta ter sido pressionado a pedir exoneração e nega participação em esquema
Ex-secretário de Saúde reitera que saída do cargo ocorre para que investigação tenha transparência
O ex-secretário de Saúde de Sorriso, Luís Fábio Marchioro, descartou ter sido pressionado a pedir exoneração do cargo e negou qualquer participação no esquema de duplicação de notas fiscais em pagamentos de ordens judiciais, que pode ultrapassar R$ 1 milhão. Ainda na entrevista coletiva desta tarde (assista aqui), ele reiterou que a saída do cargo ocorre para que a investigação tenha transparência.
Conforme Marchioro, ele e os demais membros da Prefeitura descobriram que uma servidora, que tinha cargo de confiança no setor de acompanhamento jurídicos da Secretaria Municipal de Saúde, montou um esquema com uma empresa de Cuiabá para duplicar notas em nome de sete pacientes, cuja fraude vinha ocorrendo desde 2019.
"Descobrimos que uma servidora, no mínimo, estava junto com uma empresa, uma pessoa que usa CNPJ e estavam burlando as decisões judiciais, usando os nomes do promotor de Justiça, defensor público e de juízes que davam as decisões para fazerem falcatrua, que foi descoberta por mim e por nós", explicou.
Em uma cirurgia no valor de R$ 80 mil, por exemplo, o valor era bloqueado pela Justiça da conta do Governo do Estado, e enviado para o fundo municipal de saúde da Prefeitura. Segundo Marchioro, a servidora fazia o repasse do dinheiro para o prestador e, nesse ínterim, ela duplicava as notas.
Para Marchioro, apesar de não ter nenhuma participação no esquema, sua responsabilidade pode recair sobre a fiscalização. "Ou seja, eu errei porque não vi que tinha o mesmo nome duas ou três vezes. Elas tinham o cuidado. Uma, a trambiqueira, e a dona da empresa, elas tinham o cuidado de a cada quatro meses colocar o processo. E a gente esquecia [por exemplo] que o seu 'João das Neves' fez a cirurgia de quadril. Eu atestei a nota fiscal, assim como passou pela Secretaria de Fazenda, pela tesoureira e pelo prefeito, que também assinou. Elas usaram toda a estrutura do Poder judiciário, do Ministério Público e da Defensoria. Foi encontrada uma fragilidade dentro do sistema".
O ex-secretário disse, ainda, que a empresa de Cuiabá envolvida no esquema apenas fornecia notas e não executava os serviços. Após a descoberta das irregularidades, Marchioro disse que, de imediato, foram afastados três servidores e fechado o setor de acompanhamento jurídico da Saúde.
Mesmo fora do cargo, Marchioro disse que acompanhará o caso e espera que as pessoas envolvidas sejam punidas, e que o dinheiro seja devolvido aos cofres públicos. Declarou, ainda, que não prevê encerrar sua carreira política. "Nunca fiz nada de errado, não roubei, achei a corrupção e denunciei nos órgãos competentes e vou acompanhar até sair sentença e o dinheiro seja devolvido".
Para o ex-secretário, a suspeita inicial é que a empresa tenha aliciado a servidora, que acabou entrando no esquema, o qual considera crime hediondo. "Eu não admito. Não admiti roubar dinheiro da Câmara, não admiti pedir propina para o prefeito que na época eu era oposição e agora jamais vou admitir que se roube dinheiro da saúde pública. Sei da minha responsabilidade e do que estou oferecendo, mas nunca tive em Sorriso nada a esconder, onde cheguei aos 8 anos de idade. Eu estava num processo de avanço na secretaria e essas pessoas atrasaram nosso desenvolvimento".
Ainda segundo Marchioro, o seu pedido de exoneração foi solicitado para que as investigações transcorreram com maior transparência. "Isso é para preservar o serviço público municipal, o atendimento ao cidadão e o respeito aos funcionários que aqui trabalham. Pedi ontem para o prefeito, Ari Lafin, para que eu pudesse deixar a função até que se esclareça tudo sem nenhuma dúvida e mácula de que possa haver intervenção ou contaminação na investigação. Entreguei a chave de onde funcionava o setor jurídico na mão da promotora".
Ex-vereador, Marchioro também atuou na imprensa sorrisense e exerceu a função de secretário de Governo de 2017 a 2018, quando assumiu a Semsas. Ele também atuou como coordenador do Departamento de Habitação do Município de 2013 a 2016. "A partir de amanhã, eu não serei mais secretário da Saúde pelo menos até que a situação toda fique esclarecida. Não tem como ter afastamento para cargo de contratado sem exoneração. Vou acompanhar de perto e gastar com advogado a partir de agora e acompanhar todo o andamento do processo. O que queremos é transparência poque o meu nome nunca foi atrelado à corrupção aqui em Sorriso".
Além de Marchioro, o secretário de Cidade, Ednilson Oliveira, também pediu exoneração do cargo após denúncias que apontam supostos pagamentos irregulares a seis funcionários fantasmas, desde 2019.
Diferente de Marchioro, Ednilson, que é servidor de carreira desde 2003, mas atua na Prefeitura desde 2000, seguirá à disposição da Administração Municipal.
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