Suspeitos de duplo homicídio em Peixoto de Azevedo mãe e filho se entregam à polícia
Pilotos do tráfico recebiam até R$ 100 mil por voo com drogas
Eles chegavam a transportar cargas de R$ 8 mi; aeronaves eram registradas em nome de laranjas
Os pilotos alvos da Operação Grão Branco, que eram contratados pelo grupo criminoso para fazer o tráfico internacional de drogas, chegavam a ganhar R$ 100 por viagem mil para transportar os entorpecentes.
A operação investigou principalmente o transporte de droga por caminhões, mas também houve casos de uso de aviões. Ao menos 12 aeronaves foram usadas no esquema.
O delegado da Polícia Federal, Adair Gregório, afirmou que essas valores pagos aos pilotos poderiam ser até maiores dependendo do caso.
As viagens duravam cerca de 3 a 4 horas. As aeronaves saíam de São Paulo normalmente sem um plano de voo e sem notificar as autoridades.
Os pilotos eram instruídos a voar em baixa altitude para que não fossem identificados por radares. Dessa forma, conseguiam cruzar a fronteira com a Bolívia para pegar a droga ofertada pelo grupo e voltar para o Brasil.
“Eram pilotos convidados. E eram oferecidos em regra R$ 100 mil ou mais por transporte, viagens de cerca de 3 a 4 horas. Nesses voos as cargas eram de cerca de R$ 8 milhões. As pessoas que trabalhavam nas pistas clandestinas também recebiam valores altos, próximos a isso”, explicou o delegado.
Algumas vezes os pilotos chegavam a avisar as autoridades sobre os voos, porém davam informações falsas. Segundo o delegado, eles informavam que fariam viagens para aeroportos regularizados próximos à fronteira e até mesmo no interior de Mato Grosso.
No entanto, ao se aproximarem do destino informado, sumiam do radar, momento que iam pegar a carga de entorpecentes no outro país. Posteriormente os aviões só eram identificados novamente quando chegavam de novo a São Paulo.
Sem rastro
Todas as aeronaves adquiridas pelo grupo criminoso eram registradas em nomes de laranjas e com documentos falsos.
Quando a Polícia Federal iniciou as investigações, em 2019, era quase impossível saber quem eram os líderes responsáveis pelas práticas criminosas.
“Eles tomavam todo cuidado para colocar em nome de terceiros, muitas vezes falsificando documentações para que pudessem registrar os aviões. Dessa forma, quando fizemos as apreensões de aviões com drogas, não era possível chegar aos líderes. Somente por meio da inteligência foi possível chegar a eles”, relata.
Na operação deflagrada na quinta-feira (6), os investigadores cumpriram 10 mandados de busca e apreensão de aeronaves em um hangar em São José do Rio Preto, em São Paulo. A PF conseguiu identificar 12 aeronaves utilizadas no crime.