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Denúncia mostra ex-Sesp se escondendo para "mapear" delegado
Câmeras do circuito interno de um supermercado flagram toda a movimentação de Rogers Jarbas
Na denúncia que ofereceu contra o ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Elisandro Jarbas, por ameaça ao delegado Flávio Stringueta, o Ministério Público Estadual anexou imagens que mostram toda sua movimentação dentro do Supermercado Big Lar, onde ocorreu o suposto crime, em março do ano passado.
Jaras foi denunciado pelo crime previsto no artigo 344 do Código Penal, que consiste em “usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral”. A pena prevista é de um a quatro anos de reclusão e multa.
Stringueta foi o delegado que conduziu as investigações da Operação Esdras, que resultou na prisão de Jarbas, que também é delegado, e outros seis acusados de montar um esquema para tentar obter a suspeição do desembargador Orlando Perri nos inquéritos decorrentes da “grampolândia pantaneira”.
Conforme a denúncia, por volta das 10 horas do dia 28 de março do ano passado, Rogers “usou de grave ameaça contra autoridade policial que atuou em procedimento administrativo com o fim de favorecer interesse próprio, notadamente a sua posição jurídica em procedimento investigativo”.
Segundo o documento, por volta das 9h56 daquele dia, Jarbas percebeu a presença de Stringueta nas proximidades do setor de frios do supermercado e passou a monitorá-lo.
“Logo após o denunciado anda brevemente com o seu carrinho e, novamente, fixa o olhar na direção de onde vira a vítima anteriormente (numa clara tentativa de “mapeá-lo”)”, diz a denúncia, assinada pelo promotor Reinaldo Rodrigues de Oliveira Filho. Uma das imagens mostra Jarbas se escondendo atrás de uma coluna enquanto olha em direção ao desafeto.
O representante do Ministério Público afirma que, seis minutos depois, Jarbas viu Stringueta no guichê 9 pagando suas compras e, imediatamente, dirigiu-se ao mesmo caixa, apesar de haver outros disponíveis.
Ainda conforme a denúncia, depois de cumprimentar Jarbas, balançando a cabeça, Stringueta saiu do caixa e foi até o estacionamento onde estava sua moto.
“Neste ínterim, o denunciado Rogers deixou as suas compras no caixa e foi ao encontro da vítima, interpelando-a para um breve “diálogo”, o que foi respondido positivamente pela vítima que já estava sentada no banco de sua motocicleta e com o capacete na cabeça”.
"Ato contínuo, mesmo ciente de que Flávio Stringueta atuou como presidente dos autos de Inquérito Policial que culminou na Operação Esdras (que ensejou na prisão do denunciado), o denunciado Rogers passou a discutir com a vítima, chamando-o de “safado” e instando-o a resolver as coisas de “homem pra homem” (sic)”.
A conversa entre os dois durou cinco minutos e oito segundos, até que Stringueta saísse do local.
Em depoimento à Corrgedoria, Stringueta contou que também foi chamado de "mentiroso" e que Jarbas disse que "iria acabar com todos vocês".