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Temer libera até 100% de capital estrangeiro em empresas aéreas brasileiras
Novas regras passam a valer imediatamente, mas terão que ser confirmadas pelo Congresso
O presidente Michel Temerassinou nesta quinta-feira (13) medida provisória que autoriza a injeção de até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras. A MP será publicada na tarde desta quinta em uma edição extraordinária do "Diário Oficial da União".
Atualmente, o artigo do Código Brasileiro de Aeronáutica estabelece que 80% do capital com direito a voto deve estar sob o controle de brasileiros – permitindo que estrangeiros tenham, no máximo, 20% do capital da companhia.
Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, desde que a empresa seja nacional, não importará a origem do capital.
"A empresa de aviação tem que ser brasileira, agora, a origem do capital, que [a legislação] antes limitava que capital estrangeiro pudesse ter até 20%, agora nós poderemos ter inclusive 100%. Isso é o que acontece, por exemplo, na telefonia", justificou o ministro-chefe da Casa Civil, ao anunciar a edição da MP.
Por ser uma MP, a medida entra em vigor assim que for publicada no "Diário Oficial", mas terá que ser confirmada posteriormente pelo Congresso Nacional. A legislação prevê que o parlamento tem até 120 dias para ratificar a medida provisória, caso contrário, a proposta caduca e perde o efeito.
No entanto, o prazo é suspenso durante os recessos do Legislativo. Como o Congresso entrará em recesso no dia 23 de dezembro e retornará somente em fevereiro, os 120 dias serão estendidos.
"Isto [MP da participação estrangeira em empresas aéreas] resolve um dos principias problemas da aviação brasileira, que é a fonte de financiamento para as companhias de aviação. Nisso nós acabamos tendo a possibilidade de ter a participação de capital estrangeiro no financiamento independentemente de sua origem”, explicou Padilha aos jornalistas.
Ele afirmou na entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto que o conteúdo da MP foi discutido com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Claro que nós tivemos o cuidado de conversar com o ministro Paulo Guedes, e ele, de pronto, disse que estava rigorosamente conforme aquilo que entende que deve ser feito. Nós estamos fazendo já em consonância com o novo governo", disse o ministro.
Ainda de acordo com o chefe da Casa Civil, além de facilitar a obtenção de financiamento para companhias aéreas, a medida provisória proporcionará a abertura de novos destinos, estimulando o turismo, a geração de emprego e o barateamento de passagens.
Avianca
Indagado pelos repórteres sobre se a decisão de publicar a MP tinha relação com o pedido de recuperação fiscal da Avianca, Eliseu Padilha negou que a edição tenha ligação com a situação da companhia aérea brasileira.
Com prejuízo de prejuízo de R$ 144,6 milhões, a Avianca pediu à Justiça na última terça-feira (11) a recuperação judicial. O processo foi protocolado na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.
No pedido de recuperação judicial, a companhia aérea informou que as operações estão ameaçadas por uma potencial retomada de aeronaves por credores.
Na noite do mesmo dia em que o pedido foi protocolado, o juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi concedeu tutela provisória de urgência para a reintegração de posse de um total de 14 aeronaves.
"Não [tem relação com a Avianca], porque se vocês forem analisar, existe no Congresso Nacional, já há anos tramitando, projetos neste sentido. Era uma pretensão do presidente Michel temer consolidar esse tema", respondeu Padilha aos jornalistas.
Avianca, circunstancialmente, poderá vir a ser beneficiada por esse processo", complementou.
Falta de acordo na Câmara
Já estava em tramitação na Câmara dos Deputados uma proposta que aumenta a participação do capital estrangeiro com direito a voto nas empresas de transporte aéreo.
Em março, os deputados haviam aprovado um regime de urgência para o texto, que, na prática, permitia que os prazos de tramitação ficassem menores e, com isso, o projeto poderia ser votado diretamente no plenário, sem passar por votação em comissões. Porém, a proposta ficou na fila de votações por falta de acordo entre os líderes partidários.
Com a revogação dos limites de capital estrangeiro, a participação de investidores do exterior pode alcançar até 100%, desde que as empresas tenham representação no Brasil.