Em Brasília, prefeito participa de seminário que discute o uso de biodiesel
Ex-assessor confessa ter entregado propina de R$ 600 mil a Silval
Réu confesso, Silvio Araújo detalhou esquema envolvendo empresas e alto escalão da gestão anterior
O ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Silvio Araújo, confessou ter integrado a organização criminosa investigada na ação penal derivada da 2ª e 3ª fase da Operação Sodoma.
Estas fases, deflagradas no ano passado, apuram esquema consistente na exigência de propinas milionárias aos empresários Willians Mischur e Julio Tisuji, donos das empresas Consignum e Webtech, respectivamente, em troca da concessão e manutenção dos contratos destas empresas com o Estado. O lucro obtido supera a faixa de R$ 18 milhões.
Saiba mais:
“Os secretários cobravam propina com o maior prazer”, diz Silval
Em reinterrogatório, ele afirmou que a denúncia é verdadeira e que o empresário Julio Tisuji, delator do esquema, foi quem o procurou para tratar das negociações. Silvio Araújo também admitiu ter entregue um envelope contendo R$ 600 mil para o ex-governador, valor esse que era oriundo de propina paga pelo dono da Webtech.
Silvio Araújo estava preso no Centro de Custódia da Capital desde março de 2016, mas foi solto no mês passado, junto com Silval, após confessar os crimes e devolver um imóvel de R$ 472 mil aos cofres públicos.
Confira detalhes da audiência:
Denúncia verdadeira
Silvio Araújo afirmou que a denúncia do Ministério Públcio Estadual (MPE) contra ele é verdadeira.
"Na questão da WebTech eu fui procurado pelo Julio. Ele disse que queria manter o contrato. Eu entendi que seria uma propina e pedi para tratar com o Pedro Elias, mas não sei o que eles trataram".
"Depois eu fiquei sabendo que o Pedro Elias e o Rodrigo Barbosa [filho de Silval e réu] receberam".
Propina da Consignum
Em relação ao pagamento de propina da empresa Consignum, Silvio Araújo disse ter sido chamado na sala do ex-secretário de Administração e atual delator, César Zílio. Na sala, estava o dono da empresa, Willians Mischur.
"Eu só falei 'ok, tudo bem' e saí da reunião. Eles me mostraram uma planilha e eu acho que era para aumentar a propina. Eu acredito que o Cesar me chamou para dizer para o Wilians que o governador sabia. Eles só diziam que dava para aumentar, mas eu não sei quanto".
Silvio Araújo afirmou que só buscou a propina para Silval em uma oportunidade, quando o ex-secretário e delator Pedro Elias comandava a pasta de Administração. Segundo o próprio Silval, o montante era de R$ 600 mil, tendo o ex-governador ficado com R$ 500 mil e o ex-secretário com R$ 100 mil.
"Uma vez o governador me mandou buscar o dinheiro da consignum com o Pedro Elias. Peguei e passei para o Silval", disse ele.
"Não recebi nada"
O ex-chefe de gabinete afirmou que não recebeu nada das empresas Webtech e Consignum, e que também não tem conhecimento sobre o esquema envolvendo as gráficas e o terreno de R$ 13 milhões na Avenida Beira-Rio - que teria sido adquirido com a propina.
A promotora de Justiça Ana Bardusco questionou o porquê de Cesar Zílio ter chamado ele na reunião e não o próprio Silval.
"Eu não sei porque o Cesar reagiu dessa maneira. Eu acho que ele queria passar uma confiança para as pessoas que o governador tinha ciência, já que o governador não tinha muito tempo".
Silvio também disse desconhecer as tratativas envolvendo o ex-deputado Riva e o empresário Willians Mischur.
"O que eu sei é que o deputado queria o valor da consignum para ele, só isso".
Ameaças a Nadaf
Silvio ainda confirmou ter dito ao ex-secretário Pedro Nadaf, quando ambos estavam presos, que "delator tem que morrer". Mas negou que seu comentário tenha sido feito em tom de ameaça.
"Eu só tive uma conversa com Pedro Nadaf. Eu estava na minha cela e ele estava lá e passou no noticiário que alguém estava fazendo delação, não lembro se era o Pedro Elias ou Cesar Zilio. E na cadeia se fala muito que quem faz delação tem que morrer e eu fiz esse comentário, porque isso é normal na cadeia, fazia parte do convívio nosso. Não acho que alguém que delata tem que morrer, fiz esse comentário porque estava com raiva deles [Pedro Elias e Cesar Zilio]. Mas foi um sentimento momentâneo, não sinto mais nada disso, estou arrependido desse comentário, foi um comentário muito idiota, bobo", admitiu.